(...) E vi que um adulto com conta corrente de adulto e alma de criança é tudo que você quer ser quando crescer. Agora posso comprar as balas de anilina que minha mãe proibia, borrachas cheirosas, canetas de glitter, até camisetas da Olívia Palito. Eu não vou mais ficar de castigo. (Ou vou?)
Além de mim, tenho outras amigas que sofrem do mesmo mal. Uma brincadeira que a gente leva a sério. Nos encontramos em cafés adultos, enchemos a cara de vinho (como pessoas adultas), e vamos embora bêbadas e felizes com nossas carteiras da Betty Boop e nossos chaveiros da Pucca.
(E eu insisto em achar estranho que não casamos, não temos 5 filhos, não temos terninhos, não usamos meia-fina, nem temos relacionamentos estáveis). Sabe o que temos, beirando os 30 anos? Temos festas temáticas com pratinhos do Pokémon, lembrancinhas do Mickey e apitos ensurdecedores.
Comemos Mc Lanche Feliz e trocamos os brindes repetidos. Frequentamos bancas de jornais e gastamos nossos dinheiros naquelas máquinas onde você coloca uma nota de 1 real e sai uma surpresinha boba (que pode ser uma lente de aumento em formato de patinho ou uma bolinha de quicar.) Como você pode ver, nós podemos voar (ainda mais depois que uma de nós comprou uma asa de borboleta na feira).
Alimentamos nossa criança interior e sabemos que ela não vai crescer. Ela nos sustenta. Ela nos diverte, nos faz pagar micos históricos e nos faz rir. Pelo menos por enquanto.
Ps: este texto foi feito para me distrair do “Pesadelo da Casa Própria”. Depois de dez apartamentos vistos e nenhuma certeza, eu ainda prefiro a Casa de Plástico da Barbie.
[Fernanda Melo]
O link desse blog fantástico está aí do lado ¨¨Coração na Boca¨¨
Trilha incidental
"Quando a gente conversa contando casos, besteiras
Quanta coisa em comum, deixando escapar segredos
E eu não sei que hora dizer, me dá um medo, que medo
É que eu preciso dizer que eu te amo, te ganhar ou perder sem engano
É eu preciso dizer que eu te amo, tanto..."
[Cazuza/Dé/Bebel]
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