Era uma vez uma menina que sonhava...
Sonhava ser grande, sonhava ser livre.
E sonhava em ser feliz.
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A menina cresceu e cada dia
ficava mais difícil sonhar,
mas ela continuava...
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Os sonhos vinham com naturalidade,
sonhar era da sua natureza,
então ela virou mulher.
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As coisas já não eram tão simples
e quando era apenas uma menina
ela também sonhou com isso.
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Quis de toda forma manter os sonhos,
como se fosse uma forma
de preservar a sua essência.
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Os sonhos ainda nasciam como antes,
mas agora ao chegarem ao mundo,
o choque com a realidade foi diminuindo
a alegria que a menina sentia quando sonhava.
Agora nesse mundo, sonhar já não era permitido
pois o sonho como diziam era "apenas um sonho”.
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E a mulher ainda menina como
não poderia deixar de ser o que era,
sonhava sem permissão. Sonhava,
mas o mundo não era o mesmo,
o sonho deu lugar à razão.
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A menina dentro da mulher
foi então diminuindo,
toda vez que um sonho não vinha,
mesmo q tentasse fugir, acabava aprisionado.
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A dor estava sendo mais forte,
pois como sonhava sozinha,
sempre algo acontecia quando
a menina interior se permitia sonhar.
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O sonho cotidianamente passou a ser abortado.
Todos os dias quando lembrava
do quanto já havia sofrido
e sentia as feridas ainda a arder.
Ela que sempre sonhou com naturalidade
se violentava para não se permitir.
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Sentia-se estrangeira no mundo, insone e incapaz.
Muito diferente do que ela sonhava ser
quando era apenas uma menina ingênua e pueril.
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Então deixou de sonhar,
as tintas da sua aquarela antes tão vivas
agora variavam em tons de cinza
complementares ao giz e ao carvão
com os quais passou a desenhar o seu futuro.
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E ao menos que
algo de realmente diferente aconteça
e a faça despertar desse sono gelado sem amor...
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agora vai ser assim...
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[Marcilany Rodrigues]

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